O ecoLogicStudio é um escritório de design urbano e arquitetônico que dedica-se a promover novas definições acerca de uma ecologia dos espaços e dos comportamentos a partir de práticas biodigitais. Fundado em 2005 em Londres, por Claudia Pasquero e Marco Poletto, o escritório é reconhecido internacionalmente por pensar trabalhos a partir do “design sistemático”, um método que objetiva integrar pensamento sistêmico com design computacional, biotecnologia e prototipagem. Com muitas propostas em torno da criação de espaços urbanos mais sustentáveis, foquei meu interesse em seus projetos mais artísticos e especulativos, que não deixam de carregar consigo ideias práticas de como curar feridas impostas pela sociedade ao meio ambiente que a abriga.
H.O.R.T.U.S. BioCities
H.O.R.T.U.S. Hydro Organisms Responsive To Urban Stimuli, é uma instalação complexa que propõe um futuro onde a agricultura de algas é introduzida nos grandes centros urbanos, produzindo não só alimento, como também biomassa e oxigênio. Unindo computação, design sustentável, produção de energia renovável e agricultura consciente, o projeto possibilita a interação do público com a obra, que além de alimentar o sistema introduzindo seu próprio ar carbônico, também pode através da internet, se conectar e acompanhar todo o processo à distância.
Me interessa na referência o formato de interação que se estabelece com os visitantes: há um convite a uma relação telemática de longo prazo com a obra que, através de um aplicativo, qr codes e redes sociais, faz com que se conheça o momento em que o sistema precisa de visitantes para continuar vivo e também prevê maneiras de organizar um possível revezamento de cuidados com os organismos que habitam o espaço expositivo, agrícola e urbano. Assim, a experiência passa a se construir através de um mutualismo entre as cianobactérias e os humanos visitantes através das redes virtuais de comunicação e da interação direta que se dá nas trocas gasosas, algo que, é preciso se atentar, são impossibilitadas pelo atual estado de crise sanitária, por conta de mecanismos como o do sopro para alimentação dos organismos.
Vejo esse projeto como uma forma de trazer para dentro de espaços expositivos, uma proposta para a ressignificação de nossas experiências em relação a natureza e a agricultura, sendo assim um ambiente de (re)aproximação de nossa espécie aos processos elementares à nossa subsistência.
Aqva Garden: BioCities
O Aqva Garden é um trabalho com colaboração de Francesco Brenta e Laura Micalizzi. É uma instalação que atua como coletora e um reservatório de água da chuva. O que me chama atenção aqui é o caráter da obra, que se atenta em tornar aparente através de materiais transparentes, todo o funcionamento do sistema. Como regula-se a partir de uma estrutura tensionada, o que se dá é uma constante mutação formal, que assenta de maneira diferenciada a partir das variações de peso da água que vem da chuva e depois passa pelo sistema de evaporação, e ainda, das mudanças possivelmente feitas nos posicionamentos de cada um dos elementos por parte dos visitantes.
H.O.R.T.U.S. XL
H.O.R.T.U.S. XL Astaxanthin.g é uma escultura impressa em 3D, desenvolvida em colaboração com a Universidade de Innsbruck. Ela visa ser receptiva a vidas humanas e não humanas. A partir de morfogênese digital que mimetiza formatos de corais, a estrutura é inoculada com um biogel de cianobactérias que povoam o ambiente, tornando a obra uma comunidade viva e ativa. O metabolismo dos microseres movidos a fotossíntese converte radiação em oxigênio e biomassa, transformando a escultura em algo que não só se auto sustenta, como também nos ajuda a permanecer com qualidade enquanto habitantes terrestres.
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Com diversos outros desdobramentos, os projetos do ecoLogicStudio me agradam muito por carregarem a ideia de um futuro ecologicamente sustentável de maneira experimental, especulativa, artística, interativa, sistemática e despretensiosa. O esforço em tornar visíveis todos os processos e palpáveis seus resultados, é algo que procuro na produção dos meus trabalhos. Apesar disso, algumas coisas me incomodam no sentido de que, para a produção das obras, há também algum gasto de materiais e energia não sustentáveis, fazendo com que os sistemas não se configurem enquanto ciclos fechados e pensados em todos os seus estágios. Ainda assim, vejo muita coerência com o que tenho pensado também: a relação íntima que se tenta traçar entre os visitantes humanos e os processos naturais dos quais dependemos.
Site do ecoLogicStudio: < http://www.ecologicstudio.com/v2/index.php >
H.O.R.T.U.S. BioCities: < http://www.ecologicstudio.com/v2/project.php?idcat=7&idsubcat=71&idproj=115 >
Aqva Garden: BioCities: < http://www.ecologicstudio.com/v2/project.php?idcat=3&idsubcat=71&idproj=15 >
H.O.R.T.U.S. XL: < http://www.ecologicstudio.com/v2/project.php?idcat=7&idsubcat=59&idproj=177 >