S.H.A.S.T. – Sistema Habitacional
para Abelhas sem Teto
O projeto S.H.A.S.T. é uma proposta experimental em arte computacional que dá continuidade a pesquisa sobre instalações multimídia interativas de forma a conjugar aspectos do trabalho desenvolvido junto ao grupo A.C.Ho (intervenções urbanas performáticas), características culturais tradicionais como no caso do mitos das abelhas na cultura Kaimbé, e mais recentemente, as experiências realizadas junto ao NANO com o evento Hiperorgânicos onde arte, ciência e tecnologia se reúnem para experimentar uma natureza híbrida pós-biológica.
Da experiência com o grupo A.C.Ho extraímos a importância de relacionar as pesquisas realizadas na universidade com o contexto urbano, no nosso caso o centro da capital Rio de Janeiro. Mais especificamente, exploramos a situação caótica de grandes centros onde a ocupação e a sobrevivência de todos que ali habitam se torna cada vez mais difícil. Com as intervenções artísticas buscamos não apenas transformar esses espaços públicos em espaços poéticos, mas também de evidenciar alguns desses problemas e conscientizar aqueles que ali habitam e frequentam, proporcionando talvez uma vivência mais lúdica e harmoniosa.
Fruto das experiências com a mitologia Kaimbé, selecionamos também aspectos que abordam uma proposição pública mas direcionada para um local específico, diretamente relacionado com as atividades das abelhas. Estas, com sua inteligência coletiva e sua organização social são objeto de estudo e de pesquisas dentro do conceito de “Emergência” descrito por Steven Johnson no livro Emergência. A vida integrada entre formigas, cérebros, cidades e softwares.
Com as experiências compartilhadas a partir do projeto Hiperorgânicos pudemos inserir as prerrogativas da telemática associada a conjunção arte/ciência/natureza nos projetos por nós desenvolvidos. Como mencionamos, os eventos Hiperorgânicos estão voltados para importância de se discutir a respeito das relações que surgem entre homens, máquinas inteligentes, o universo tecnológico contemporâneo e a “natureza” constituída a partir dessas relações. Situação esta que se justifica pela onipresença de produtos multimídia resultante da ubiquidade das ferramentas e/ou dispositivos tecnológicos computacionais, pelo crescente numero de teorias e estudos sobre “novas” estéticas e “novas” formas de interação humano/máquina-obra/público, pelos caminhos entrelaçados entre arte e ciência, dentre outras motivações. Abre a discussão a partir do ponto de vista do artista pesquisador, com enfoque nos processos de criação e nas referencias ou fontes inovadoras de conhecimento. Investe em questões de ecologia, inclusive ecologia humana, e na possibilidade de surgimento de uma nova consciência a partir da imersão e experimentação criativa nos ambientes cibernéticos. É um campo novo e extremamente rico pela possibilidade de agregar conhecimentos e de se colocar no centro das questões mais relevantes da sociedade contemporânea que discutem ecologia humana e desenvolvimento sustentável que necessita de foco e convergência que garantam a visibilidade que merecem no contexto das pesquisas artísticas.
S.H.A.S.T. é uma obra que envolve a produção de três módulos , ou três objetos, interconectados que compõem um espécie de tríptico telemático. Os módulos são construídos no modelo de colmeias para apiários e estarão localizadas em pontos distintos. Um deles, instalado no apiário é uma colmeia real, com um enxame de abelhas ativo, produzindo. Este será monitorado de diferentes maneiras para que os dados das abelhas possam ser transmitidos via sistema telemático para um servidor localizado no laboratório. Este servidor recebe e distribui os dados coletados. Um segundo módulo, e u primeiro estágio de simulação de enxame. Será instaladoem locais específicos urbanos onde se registra a presença de abelhas. O módulo 2 é dividido em duas partes: uma que projeta sons e imagens de colmeias ativas e simula para o público a presença das abelhas; outro que esta preparado para atrair abelhas que poderão, ou não, se alojar no módulo. O módulo estará em constante observação e vigilância para que a presença das abelhas seja imediatamente percebida e a caixa possa ser retirada do local com o enxame alojado. É um sistema natural e monitorado de captura de enxames urbanos. Faremos esta etapa com o auxílio de profissionais caça abelhas.O terceiro módulo é o módulo expositivo, simulador do processo completo e exibidor de todas as etapas do projeto. Será construído para espaços expositivos, mostras e salões onde não é possível conviver com as abelhas. Esta projetado para ser uma instalação interativa conectada com os módulos externos.
O projeto tem como objetivo realizar pesquisa artística teórico/prática sobre a emergência de campos experimentais de naturezas híbridas resultantes de ações performáticas e instalações em ambientes abertos e/ou públicos de sistemas telemáticos computacionais híbridos. Pretendemos investir numa produção poética com enfoque em questões estéticas contemporâneas que integram arte, design, ciência e
tecnologia direcionadas para uma aisthesis re+inventada, onde o processo de conscientização desse fenômeno expresse uma coerência sistêmica/poética. Partimos dos pressupostos de que a “obra” de arte contemporânea acontece, não busca representar, é o próprio fazer, o acontecer, o proporcionar do fazer e do acontecer; que o artista contemporâneo é um mediador que revela um processo e cria condições para que a obra aconteça; que os sistemas computacionais e os sistemas informatizados de telecomunicação
exercem uma influência irreversível na produção artística contemporânea, seja ela no modo de pensar ou na práxis dos artistas; e, que essa práxis é fator fundante para uma sensível transformação social. O projeto é desenvolvido como parte das atividades de pós-doutoramento na Escola de Comunicação e Arte da
Universidade de São Paulo – USP , sob orientação do artista e pesquisador Gilbertto Prado em colaboração com o Grupo Poéticas Digitais.
Referencias
OH!m1gas. biomimetic stridulation environment de Kuai Shen Auson
MIT enlists 6.500 silkworms and one robot to rint a silk pavilion
https://www.theverge.com/2013/6/6/4401184/mit-media-lab-silk-pavilion
Direto da Natureza Impressão 3D