Atualmente, por conta da crise sanitária do novo Covid-19, os encontros semanais em NANO estão sendo realizados virtualmente e, no início da pandemia as reuniões proporcionaram a discussão em grupo de referências teóricas das pesquisas práticas. Tendo em vista que, estamos passando pelo momento em que além de estarmos repensando juntos a nossa atuação na biosfera, nas relações dentro destes aparatos artificiais e em possíveis (e impossíveis) ambientes comunicativos, somos a todo instante desafiados e convidados a desdobrar novas formas de habitar o território sensível no processo de criação, principalmente agora em que a grande parte dos eventos ocorrem por um click dentro destas telas, e o tema que escolhi para nos aprofundarmos no seminário foi o pós-humano da professora paulistana Lucia Santaella da PUC-SP.
Fora dos livros e filmes de ficção científica, me interessa a ideia de que estamos mais próximos do que imaginamos de uma nova transformação tecnológica que irá nos afetar em diversos fatores, entre eles, social, cultura e psíquico, penso também que ainda não somos capazes de perceber a onda violenta que está por vir e tomar nossas certezas. Hoje é possível ter uma casa inteligente conectada a dispositivos via wi-fi e que realizam tarefas simples, como passar um café e verificar os mantimentos da geladeira, assim como, podemos realizar compras através de plataformas que utilizam os dados que fornecemos para filtrar os nossos interesses, como o Instagram e Facebook. Entretanto, há treze anos atrás, na época em que Santaella publicou na Revista USP o texto “Pós-humano – O que é?”, ela estava pensando a transição dos primeiros computadores aos microchips, e introduz fazendo uma breve menção aos sistemas inteligentes que hoje são cada vez mais presentes em nosso cotidiano.
Em vez de se tornarem os monstros vorazes retratados nos filmes de ficção científica, os computadores ficarão tão pequenos e onipresentes que se tornarão invisíveis, estando em toda parte e em lugar nenhum, tão poderoso que desaparecerão de nossa vista.
Sobretudo, Santaella aponta o dedo para a imagem futurista da cultura ocidental que consumimos nos filmes de ficção científica, nos livros, na internet e nas mídias comerciais. O seu conceito de pós-humano não está ligado ao desejo limitado patriarcal da representação dos humanoides, das máquinas com características masculinas e de metal que copiam o homem, ou, até podemos incluir as próteses biônicas que possibilitam irmos além dos limites intelectuais e físicos. Porém, é interessante ressignificar.
Conclui o texto físico, entretanto, ainda rebobino a fita e, continuo lendo em pensamento, a todo instante me acontece um estalo diferente, comecei a olhar por outra perspectiva a filosofia transumanista que é reverenciada como uma heroína, até se descobrir que ela não possui tanta potência como é vendida. Quem sabe, há vinte anos atrás, mas agora não mais. O entretenimento que nos empurraram goela abaixo desde que nascemos é uma tentativa falha antropológica que insistimos em enfiar na cabeça, da ideia ilusória da extensão da natureza humana. Quem sabe amanhã eu mude de lentes, mas por hoje é isso.
Leia o texto disponível na íntegra: https://bityli.com/sH3Dw
Assista ao vídeo abaixo para conhecer mais sobre o conceito pós-humano: