Corpos expansivos e os materiais vivos – novos caminhos

A pesquisa “investigações sobre o corpo expansivo” teve início em maio de 2017 e desde então foram realizadas diversas experimentações com o objetivo de provocar e explorar as principais questões da pesquisa: “qual o mínimo para se tornar outro” e “qual o máximo para permanecer o mesmo?” questões que tratam de limite, corpo, do ser humano e do ser pós-humano.

Materiais testados:

    • Rolo de papel
    • Painas
    • Amido de milho
    • Prendedores de madeira
  • Slimes/ Amoeba

Hoje, a pesquisa de quase um ano ganha novas formas, com a análise dos resultados e das referências, novas questões entraram em pauta e os materiais vivos começaram a me chamar mais atenção, a pele, as superfícies vivas, que se expandem por si, crescem e tem um controle próprio, em que eu, como humano que antes provocava todas as alterações e experimentações no meu corpo, passo a compartilhar esse controle com outro ser vivo, divido o controle e o corpo, que passa a ser modificado por outro ser.

Simultâneo ao interesse dos materiais vivos e ‘autônomos’, a leitura do texto sobre a teoria das coisas (“moving as some thing” de André Lepecki) começa a fazer parte da pesquisa, a ideia de colocar os seres humanos no mesmo patamar das “coisas” (‘things’) e essa fuga do antropocentrismo passa a ser interessante para descobrir esse mínimo e máximo e do limite entre o eu e o não-eu.

Essa foi a proposta enviada para a JIC 2018. Resumo enviado:

Corpos Expansivos e os novos materiais

A pesquisa “Investigações sobre o Corpo Expansivo” tem como tema o conceito de limite, de corpo, do ‘ser’ humano e do ‘ser’ pós-humano. Teve início em 2017 e desde então foram realizadas diversas experimentações com o objetivo de provocar e explorar as seguintes questões: qual o mínimo para se tornar outro? e qual o máximo para permanecer o mesmo? Nossa meta é produzir fotografias e vídeos artísticos que expressam essas questões nas formas de narrativas ficcionais.

Para os procedimentos metodológicos, ao longo das experimentações, foram utilizados materiais orgânicos e inorgânicos, de diversas texturas, formas e efeitos, testados sobre/com o corpo. Os testes, registros fotográficos e audiovisuais, representam resultados preliminares que foram apresentados em eventos científicos/acadêmicos e eventos artístico/culturais. 

Atualmente a pesquisa ganha novas formas a partir da a análise dos resultados e das referências investigadas. Novas questões entram em pauta com os materiais vivos e os biomateriais, como por exemplo, o biofilme de kombucha, o bioplástico e o mycelium (origem fúngica) alvos de pesquisas direcionadas para projetos que visam amenizar os efeitos do plástico e outros materiais nocivos ao meio-ambiente. As bactérias (kombucha), plantas (musgos), e o bolor limoso (reino protista) nos interessam enquanto peles e superfícies vivas que se expandem por si, crescem de forma autônoma e interagem  com/no o corpo humano. 

Como membro do laboratório NANO, minha pesquisa esteve vinculada ao projeto Arte e Tecnologia em Campos Experimentais de Naturezas Híbridas e a partir de 2018 meu objetivo é dar continuidade estudando esses novos materiais, fazendo testes práticos e implantar seu uso no laboratório, bem como desenvolver os trabalhos artísticos que serão expostos/apresentados em eventos ao longo desse processo. 

A metodologia é teórico-prática com discussões conceituais, trabalhos em grupo, elaboração de textos , experimentos e testes dos materiais, aplicados à trabalhos do laboratório e aos vídeos-arte que continuam a pesquisa dos corpos expansivos. Como referência e apoio, estão sendo investigados artistas como Lucy Mcrae, Bart Hess, Shai Langen, Liana Nigri e Eduardo Kac.

Bibliografia:

VILLAÇA, Nízia. A edição do corpo: tecnociência, artes e moda. Barueri, SP: Estação das letras Editora, 2007

SANTANELLA, Lúcia. Pós-humano: porque? REVISTA USP, São Paulo, n.74, p. 126-137, junho/agosto 2007.

FRAGOSO, Maria Luiza. Tecnologia e arte: a estranha conjunção entre “estar vivo” e subitamente “estar morto” . In. Palindromo (Online) v.4, pg.59-67. 2011

RUSH, Michael. Novas mídias na arte contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2006 

LEEST, Emma van der. Form follows Organism: the biological computer. Roterdão: Willem de Kooning Academy, 2016 

KAPSALI, Veronika. Biomimicry for designers. New York, Thames & Hudson, 2016.

Os materiais vivos de interesse:

  • Kombucha:

IMG_3985 IMG_3991

IMG_3975

  • Musgos: 

Musgo

moss-voltaics-lena-mitrofanova-otf-iaac-barcelona

Além de expansivo, o musgo possui propriedades energéticas que ja sao exploradas por alguns cientistas e designers, a foto acima é uma pesquisa do Iaac (Instituto de arquitetura avançada da Catalunha)

  • Slime mold (bolor limoso): 

1280px-Fuligo_septica_bl1 SciSource_7Z3597

Video: https://www.nowness.com/story/the-creeping-garden?autoplay

(imagens do bolor limoso e musgos: google)

Um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.