No início de Novembro (2019) aconteceu na região de Guanacaste (Costa Rica) a 6a edição do Laboratório de inovação cidadã, com o objetivo de dar espaço ao desenvolvimento de projetos relacionados a questões socioambientais.
10 projetos foram pré selecionados através de edital e formadas equipes com 10 pessoas cada, a grande maioria da America Latina por ser um evento organizado pelo projeto de inovaçao cidadã da secretaria geral Ibero-americana, esse ano tiveram pessoas de 18 países diferentes. Os projetos foram:
- Acualab
- Biofiltro de lombrigas
- Ecomorfosis
- Electronica Biodegradable
- Foto Lampara
- Hotel de abelhas inteligentes
- Litoral, Horta Maritma
- Memória Ambiental pela Ação Climática
- Rede de Jardins Polinizadores
- Tartaruga Guardian
Sobre o LABIC-CR e os projetos de um modo geral, podemos ver o vídeo a seguir:
Participei do projeto “Electronica biodegradable” como parte da equipe, para estudar os materiais biodegradáveis que poderiam ser aplicados no projeto. Na minha equipe tinham também pessoas que trabalhavam com engenharia eletrônica, florestal, de alimentos e industrial, biologia/bioengenharia, arte e design. O projeto foi proposto por Elisabeth Lorenzi e possui um caráter futurista no sentido que propõe a produção de eletrônicos e objetos tecnológicos a partir de materiais que podem ser encontrados na maioria das cozinhas convencionais, e até mesmo feitos pelo cozimento desses.
Com a ideia da democratização da ciência e adaptabilidade (em relação à localização) a partir dos materiais, é um projeto que está em nível experimental e ainda não possui aplicações possíveis, apesar de acreditar que com investimento e pesquisa, a redução do lixo eletrônico (em sua maioria plásticos e metais) e da exploração de recursos minerais, através da mineração são possíveis, assim como uma tecnologia mais acessível.
Os principais materiais que estudamos foram os que possibilitavam a passagem de corrente elétrica, materiais condutivos e os que eram isolantes, para servir de base e interromper a corrente. Para isso foram usados materiais convencionais como sal, gelatina, amido (de milho, mandioca ou batata), carvão ativado, grafite, cera de abelha, fibras naturais, entre outros, com a idéia de possibilitar uma tecnologia adaptável, reproduzível e sustentável.
O projeto possui site e documentação completa dos processos e resultados obtidos durante o laboratório e que podem ser conferidos nos links a seguir:
Site do projeto: https://electronicabio.org
Documentação completa: https://www.innovacionciudadana.org/laboratorios/wp-content/uploads/2020/01/Electronica-Biodegradable-LABICCR.pdf
Há também um vídeo sobre o projeto “Electronica biodegradable” gravado durante o evento:
Antes de ir ao LABIC, alguns testes de condutividade em materiais biodegradáveis foram realizados na oficina sobre tecnologia de vestíveis oferecida pelo NANO em Outubro de 2019, com a artista Liz Lessner.
Os testes foram feitos com luzes de led e uma bateria moeda, o material utilizado como base foi o amido de mandioca, com glicerina e água e os adicionais para as propriedades condutivas foram: carvão com sal, grafite e limalha de ferro. O de carvão com sal é o que melhor responde, acendendo o led na sua maior potência.
Participar do LABIC me trouxe muitos conhecimentos e debates no tema de uma possível eletrônica biodegradável, o quão perto estamos de democratizar a ciência e poder produzir tecnologia na cozinha, compostar os eletrônicos e outras questões levantada pelo tema “futurista” do projeto. E fora o projeto, estar com pessoas de várias partes da América Latina foi incrível, foram muitos momentos de conexão, trocas e debates sobre questões políticas, sociais, ambientais, culturais, econômicas e históricas que compartilhamos. É muito maravilhoso poder abrir a visão em relação à nosso continente, conhecer e viver os contrastes e semelhanças entre os países vizinhos.
Ótimo Clara!